Olá Pessoal! Bem, como todo fã da trilogia sexta-feira fui na estreia de "Em Chamas" a adaptação do livro de mesmo nome da autora Suzanne Collins, enfim se fosse pra resumir o que eu achei desse filme em uma palavra, acho que não conseguiria, pois senti tantas coisas o assistindo, que fica difícil expressar em palavras, tanto é que eu pensei muito se faria esse post ou não, pois é muito mais fácil analisar algo que eu não gostei do que algo que eu gostei, e por isso decidi fazer uma análise diferente, em vez de falar sobre técnicas, direção, fotografia, roteiro, trilha sonora e essas coisas chatas que só eu presto atenção (rs), vai ser um post mais sobre o que eu senti assistindo esse filme,
mas com certeza vou falar das partes técnicas também.
Em "Em Chamas" tanto Katniss quanto Peeta, lidam com as consequências de seus atos nos jogos em que eles foram vitoriosos. E são exatamente essas consequências que fazem o filme tomar rumo. É muito interessante ver como Katniss lida com tudo isso, participar do jogos foi uma experiência traumática pra ela, e ela está fragilizada no momento, matar pessoas inocentes, por mais que tenha sido por questões de sobrevivência, muda uma pessoa e é possível ver com grandiosidade essas mudanças na personagem, pontos para a atuação de Lawrence.
Porém esses traumas são as menores consequências que pesam sobre Katniss, grande parte de Panen viu o ato dela como uma forma de se rebelar contra o militarismo controlador da Capital e isso acendeu uma pequena faisca de revolta sobre os distritos que viviam sobre essa opressão, e em quanto Katniss passeava por Panem, no seu Tour da Vitoria, era possível ver todo esse rastro de revolta dos moradores mais desafortunados desse país. E por conta de ter "iniciado" toda essa revolta no povo, Katniss acaba se tornando um símbolo pra rebelião, a esperança por uma vida melhor, o próprio "Tordo", é claro que isso deixa o Presidente Snow, o grande ditador dessa distopia, nada contente e ele próprio vai até Katniss dizer isso, junto de algumas ameaças, e mais uma vez percebemos a confusão da nossa garota em chamas, ela nunca quis que as coisas acontecessem desse jeito, a única coisa que ela queria era proteger a família dela. Snow por sua vez precisa acabar com essa esperança que surgiu no povo e a única forma de fazer isso é matando Katniss, ou a imagem dela, e ele vê no Massacre Quaternário, a edição comemorativa dos Jogos Vorazes que acontece a cada 25 anos, uma oportunidade perfeita para fazer isso.
Confesso que não sou grande fã da trilogia da Suzanne Collins, Jogos Vorazes está lá pelo 5ºlugar das minhas séries YA favoritas, mas devo confessar que de todas as séries que eu li, talvez ela é a que melhor aborde um tema sério sem se tornar cansativa, lembro que enquanto passava o filme um dos meus amigos reclamou que estava demorando demais pra eles irem pra arena, e eu respondi "mas a parte da arena é a mais sem graça", eu disse isso no calor da emoção, pois é claro que a parte da arena é a mais emocionante, o que eu realmente quis dizer é que a parte da arena, no contexto geral do filme, é uma das partes a menos importantes, no primeiro filme a arena é o grande foco, nesse segundo filme a arena é só mais um capitulo, embora ela esteja muito mais perigosa do que a do primeiro filme.
E bem, depois de ter assistido esse filme, a frase "não tem como adpatar 'N" numero de paginas em 2 horas" não faz mais sentido, o roteiro conseguiu se manter muito fiel ao livro, e pelo menos pra mim não há nada a reclamar desse aspecto (é assim que se faz uma adaptação diretores de Percy Jackson), as modificações que fizeram só engrandeceram a obra em si, embora o livro seja contado pelo ponto de vista de Katniss, a direção conseguiu mostrar ponto de vistas de diversos outros personagens, como a do próprio Snow, onde é possível ver toda sua maldade. As reações que ele tem sobre toda a revolta dos distritos e ele observando a própria neta sendo afetada pelos atos da Katniss, que também é vista como um símbolo, embora em outro sentido, pela Capital.
Vale ressaltar a a atuação de Jena Malone, a atriz que deu vida a Johanna Mason, ela conseguiu incorporar a personagem de uma forma muito digna e roubou a cena em todos os momentos que apareceu, foi uma bela surpresa, muitas pessoas não davam nada pela atriz e tenho certeza que quebraram as pernas (rs). Outra atriz que ao meu ver também se destacou foi Elizabeth Banks no papel de Effie, ela tem todo um ar maternal e protetora, e sem querer acaba se apegando a Katniss e Peeta, e a cena da colheita onde novamente ela vê seus pequenos pupilos retornando a arena, foi de doer o coração, era possível ver a dor nos seus olhos. Effie é a personificação de todo luxo e excentricidade da Capital, e é exatamente nessa cena que ela começa a se questionar se a maneira como Panen é governada realmente é certa.
"Em Chamas" é um blockbuster, é claro, mas é blockbuster acima da média, que consegue fazer uma critica muito bem feita sobre o abuso do poder que o Estado tem, entre diversos outros temas a se questionar. Eu sai do cinema extasiado pela grandiosidade com que os roteiristas conseguiram expressar todas as mensagens presentes no livro e ainda assim agradar quem só estava lá pra se entreter, lembro que só fiquei desse jeito ao terminar de assistir ao ultimo filme do Harry Potter e mesmo assim foi porque eu estava vendo o ultimo símbolo da minha infância indo embora. O triste é ver que muitas pessoas não percebem essas criticas sociais, e só enxergam o filme como um apanhado de rostos bonitos e um "historia fofa e triste". Eu acredito que o simples fato que os fãs tem de se autodenominar tributos, vai contra todas as mensagens que autora quis passar, mas é bom ver que o publico de certa forma cansou de mocinhas indefesas que não lutam pelos seus ideais ou que só ficam dividas pelos dois bonitões que estão apaixonados por ela.
Direção: Francis Lawrence
Gênero: Aventura, Suspense, Distopia
Elenco: Jennifer Lawrence,
Josh Hutcherson,
Liam Hemsworth,
Elizabeth Banks,
Sam Claflin,
Jena Malone,
Stanley Tucci,
Philip Seymour Hoffman,
Woody Harrelson
Roteiro:Simon Beaufoy,
Michael Debruyn
Produção Executiva: Suzanne Collins, Louise Rosner
Produção: Nina Jacobson,
Jon Kilik
Censura: 14 anos
Duração: 146 minutos
Distribuidora: Paris Filmes
Ano: 2013